28 de fev. de 2011

Casa Abandonada

O mesmo vento sopra sobre minha face. O mesmo cenário me cerca. As mesmas dificuldades me frustram. Mantenho os rituais que nunca me levaram a lugar algum e talvez nunca levem. Não procuro respostas ousadas. Talvez devesse. A tradição me prendeu em minha própria apatia. Tudo permanece do mesmo jeito. A velha casa abandonada. Os móveis cobertos por lençóis brancos que escondem a beleza e a nostalgia do passado. Eu sou a casa. Espero silenciosa e pacientemente uma perturbação. O ruído dos sapatos sobre o assoalho estragado, sem brilho. As vozes abafadas entre as paredes. A luz do sol sobre os livros da estante ou a luz artificial sobre a mesa de jantar. Se a casa fosse novamente habitada, não haveria rotina, tampouco mesmice. Cada dia uma nova canção pra cantar. Sorrisos para contemplar. Lágrimas para compreender. Histórias pra se ouvir. Ombros para se recostar. Entretanto, o que o resta agora é a esperança sufocada nos escombros do porão. Ela permanecerá viva até ser encontrada e, assim, trazida para a luz. O mesmo vento sopra sobre minha face. O mesmo cenário me cerca. E a esperança ainda pulsa.

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